Atributos do Espírito - Inteligência e Sabedoria - Por Carlos Alberto Aires Yates

Inteligência e Sabedoria:

Quando examinamos o contexto universal e nos vemos como Força e Matéria num universo regido pelas leis da Inteligência Universal nos deparamos, neste nosso mundo em particular, com ações, ora nobilitantes e ora desprovidas de qualquer senso humanitário ou mesmo moral.

Se nos permitirmos uma breve regressão vemos que, por exemplo, nas remotas eras da história, habitavam, nas Américas, povos em perfeita simbiose com a natureza, tanto no sentido físico quanto espiritual. E isso quer queira ou não, é Sabedoria. Vemos, portanto, que, numa das primeiras formas de vida humana as leis evolutivas já auxiliavam o ser humano. Mas esse ser humano, para entender melhor o ambiente e o universo onde vive, necessitava do desenvolvimento da "inteligência", ou seja, compreender os mecanismos naturais da vida e suas leis.

Por que existe a necessidade de aprendizado completo sobre a vida, e apenas com o uso fruto da Sabedoria, ou seja, numa relação amplamente harmônica, não existe a necessidade do entendimento do contexto vida uma vez que os problemas e necessidades são por demais reduzidos. Há necessidade de desenvolver a Inteligência até mesmo para entender os complexos mecanismos que regem a Sabedoria, e isso só se consegue com o aprimoramento também do raciocínio aplicado primeiramente às necessárias soluções dos problemas que naturalmente surgem na senda do progresso material dos povos.

Mas sabemos que, na época das colonizações, a Europa se desenvolvia a passos largos. Com a chegada do colonizador branco às Américas a cultura dos povos ameríndios foi praticamente destruída. Saia de cena, na então colônia, a Sabedoria dos nativos e entrava a Inteligência dos europeus para uma nova fase de desenvolvimento.

Duas necessidades: Sabedoria e Inteligência. Permeiam-se por complementares, mas guardam diferenças entre si, e, como comprovado acima, podem existir separadamente ou não.

A inteligência sendo uma capacidade de gerir ideias, organizando-as, pode existir sem o cultivo dos Valores espirituais e voltar-se exclusivamente para os valores materiais. Quando um ser usa a inteligência ele o faz com o intento de saciar seu ego. Por isso a inteligência acumula bens materiais e chega às raias da vaidade. A Inteligência mede, calcula, compara, exclui, julga, divide ou agrega, tudo conforme seu interesse, atido as linhas mestras do ego. Nesse caso, nas atitudes que advêm, pode o encarnado até tangenciar a Sabedoria, mas será de um modo inconsciente, pois mesmo assim estará visando a sua vontade para satisfazer um exclusivo desejo seu.

Quanto a "sabedoria" pode-se dizer que é um universo que engloba a Inteligência, pois evolutivamente, está acima desta. É uma esfera onde situam-se as melhores intenções pois visam a todos, ao todo, abrindo nesse caso o ser mão de seu conforto ou ganhos. Somente vendo as coisas nesse sentido podemos entender a vinda dos grandes Mestres ano nosso planeta. Cristo por exemplo, se ficasse na esfera da Inteligência não teria motivos para aqui vir, pois iria sofrer, poucos o entenderiam etc. Mas, a Sabedoria revela que havia uma humanidade que necessitava de alguém desse porte para lhe servir de farol espiritual. Por aí vemos que Cristo foi menos importante que suas ideias, isso na visão da Sabedoria, pois na visão dos religiosos é exatamente o contrário.

Cristo utilizou a sabedoria no que fez e falou. Mas a inteligência dos seres da época, interesseira, lhe ceifou a vida ainda jovem. Após isso, essa mesma Inteligência criou as religiões, uma tentativa desse atributo de explicar a espiritualidade, que foi a real mensagem de Jesus, e ser o caminho cujo rastro havia sido bastante apagado. Mas a Inteligência, por situar-se aquém da Sabedoria, não pode, jamais, justificar, explicar, entender ou mesmo explanar a Espiritualidade, fruto dessa Sabedoria. Na religião a Sabedoria fica engessada, e na Sabedoria a religião é inútil.

Por que então necessitar da Inteligência, se tudo no universo é vida, regida em última instância pela Sabedoria? Mais do que qualquer coisa a Sabedoria rege as intenções tanto da Inteligência Universal quanto dos espíritos. Nisso se explica que, um dos últimos atributos a ser plenamente desenvolvido é o caráter, que em suma é aquele que rege tudo que sentimos, pensamos ou fazemos. Por isso, só quando estivermos definitivamente em acordo com os reais intentos Superiores, é que abandonamos definitivamente o ciclo de aprendizado das reencarnações, pois deste momento em diante passamos a gravitar nos mundos de grande Sabedoria, cuja missão, das mais importantes, é também levar luz a mundos de incipiente evolução.

Como vimos, tal e qual Força e Matéria, a Inteligência e a Sabedoria tem aspectos bem distintos. A Terra é, atualmente, um planeta onde se usa muito mais a Inteligência do que a Sabedoria. A primeira nos informa como acontece e a segunda nos mostra o porquê. Seria incompleto o curso evolutivo conhecer uma, mesmo que a fundo, e desconhecer a outra.

Hoje nos aprofundamos na tecnologia, mas convivemos com um mundo humanamente desigual, embora já se saiba que ele pertence a todos. Vê-se que cultuamos a Inteligência, o egoísmo, e esquecemos a Sabedoria ou o todo. O homem é talhado sob medida para usufruir a Inteligência e a mulher afeiçoada ao uso da Sabedoria, claro que, nesse âmbito há intersecções sempre bem-vindas.

Uma pedra ou o petróleo existem simplesmente, bem como uma arma, ferramenta ou equipamento médico, fruto uns da Inteligência Universal e outras da Inteligência humana. Agora, o uso que se lhes dá passa necessariamente por uma decisão de consciência, que está atrelada ao desenvolvimento do caráter que, poderá ou não, ser um representante fiel da Sabedoria, consoante o nível de espiritualidade já alcançado.

Sabedoria é algo mais condizente com o sentimento, algo tênue, e que, de certa forma induz a certeza do bom e do correto, portanto o melhor, para todos, e que se manifesta com firme convicção numa lógica quase imperceptível aos não propensos a sua detecção. Já a Inteligência nasce da observação direta da lógica de fatos e fenômenos da mecânica da vida, que, naturalmente induz ao ser humano classificar o que percebe. E pela Inteligência ele classifica o que lhe serve ou não, independentemente se tem ou não validade moral, não fazendo neste caso uso da Sabedoria. A inteligência mais pura está na concepção e a Sabedoria mais pura na direção que se dá a função que qualquer criação irá exercer.

Apenas para finalizar: como a Inteligência Universal pode colocar entraves à vida como vírus, germes e cataclismos na Terra? Simplificando poderia dizer que praticamente tudo neste planeta, de vida ainda material, concorre para mostrar aos seres humanos que a verdadeira vida não se desenrola definitivamente aqui, que este ser humano, espírito e corpo, não é a mais feliz e eterna das conjunturas, enfim, podemos concluir que mais uma vez a Sabedoria fala alto até para quem ainda não a compreende. As condições do planeta foram, até agora, perfeitamente condizentes com o necessário desenvolvimento da Inteligência. Daqui para frente, sem dúvida que, para resolver tudo que aí está, no nosso conhecido e turbulento dia a dia, tanto no coletivo quanto no individual, os passos deverão confluir ao necessário encontro da Sabedoria. Uma certeza apenas: não há outro caminho!

Atributos do Espírito - Inteligência e Sabedoria

Por Carlos Alberto Aires Yates